Meta-prosas

 

 

 


DEVANEIO

Eu bailo, eu flutuo, eu e o colorido eterno bailamos unidos na festa do Universo. Nas cores do meu devaneio descubro eu mesma refletida em ângulos inimagináveis, multifacetada em dimensões irreveláveis, tormentos?
Não, momentos de lucidez inversa onde enlouqueço em meio a letras e sons e dons. Momentos que me transportam, coloridos ao mais fundo dos poços da solidão e me revejo, muitas versões, muitas emoções e muitas possibilidades, todas verdadeiras, nenhuma descartável...
Entusiasmo que aflora na diversidade de cores, na quantidade de sons, no inesgotável dom de misturar mergulho e descoberta,
vida e poesia, brincadeira e soluços...

Anorkinda

................................................................

 

EM NOME DAS PALAVRAS

Por vezes inusitadas as palavras me dominam, vão brotando em meio ao teclado e plasmam na tela que de tão virtual já marcou a memória, já adentrou subconscientes, já materializou muitas emoções.
Não costumo escrever textos, sintetizo e me revelo tentando me esconder, por que nascem belas as palavras que visualizo?
Desejo com elas alcançar a mim mesma, muitas vezes escondida e em fuga, lanço palavras como boleadeiras que me arrebatam, me submetem e transpareço. Eu mesma que nem sei se sou a observadora ou a fujona, ou as duas ou nenhuma, outros vão me conhecendo e reconhecendo enquanto eu continuo na dúvida.
A caneta substituída pelo teclado foi uma companheira, traduzia o que eu sentia e me libertava do medo que impelia à correria...hoje as letras dispersas em quadradinhos, bem mais lúdico, cedem a meus impulsos, a meus pulsos e teclam sem pudores revelando meus amores, minhas falhas e meus temores.

Não fujo mais, estou presa nesta teia repleta de liberdade!

Anorkinda

.......................................................................

 

MEUS VERSOS

É com o coração aberto que me entrego aos versos! Que eles me ditem o que repassar, o que transformar, o que vou derramar!
É com o coração mole que me arrisco nos vôos! Vôos ( sem acento agora...) livres em precipício lindo, instigante e revigorante!
Paisagem oferecida em esplendor de Naturezas, selvagens, humanas, divinas, compartilhadas com seres de todos os níveis elementais!!
Voo rasante, voo alto, voo em letras, veículo ortográfico. Voo em versos, instrumento literário. Voo em idéias, movimentos neuronais.
É com o coração aberto que renovo células, dnas e inspirações...
quero tudo da vida e muito mais!

Anorkinda

.......................................................

 

MINHA EMOÇÃO

De tanto pensar, poetar e amar meus dias estão mais doces.
Minhas paixões mais açucaradas,minhas divagações amenizadas.
Vários sentimentos se unem numa só emoção integralizada,
moderna neste mundo globalizado.
Minha emoção moderna esquenta meus dias mais doces.
Sustenta minhas paixões mais açucaradas
e integra minhas divagações amenizadas.
Uma emoção nova porque descoberta aos 36 anos de uma vida-aprendizado. Descoberta de velhos sentidos, despudorada de velhos padrões,
desavergonhada de velhos enigmas insossos.
Minha nova emoção integralizada reúne em meu peito
todas as dores da alegria, da saudade, do amor,
da intensidade de momentos vividos e por viver.
Ela cobre a aura colorindo o sorriso, o olhar e o respirar.
Cores-sensações que indefiníveis só posso mesmo é pedir:
Descubram-se e compartilhem do meu mundo colorido!

Anorkinda

.................................................................

 

NA MADRUGADA

Nem sei o que escrever, mas o teclado me chamou nesta noite quente...
quero a companhia das letras preto-e-branco
que postadas se colorem a minha vontade...
quero o prazer de ver digitadas minhas idéias
que de outra forma fugiriam pelo travesseiro,
derretendo nesse calor sem que ninguém as notasse...
Um mantra, uma inspiração,
expiro o incenso que arde meus sentidos numa elevação...
eu quero mais desta noite quase fim de ciclo...
eu quero que chegue logo a renovação em que trabalho...
eu quero partilhar em paz o que aprendo
longe da ânsia enganosa dos que não aprendem nada...
Com o coração aberto espero por outro dia...
quero aproveitar o momento e dele fazer o movimento...
quero entender o que sinto e o que escrevo
mas mais que isso quero traduzir as estrelas que brilham em minha alma...
quero refletir a luz delas e acender todas as luzes que oscilam
e flutuam dentro de ti, amigo(a) que me lê...
obrigada por fazer companhia as minhas palavras!

Anorkinda

 

 

...............................................................

 

Quero esconder meus fantasmas

Em refúgios bem elaborados... entrelinhas de versos, reticências... Por labirintos protegidos. Quero esconder meus fantasmas para que eu mesma não me assuste à noite. Porque é quando a noite se estende como um manto escuro que eles me assaltam. Põem-se à vista, querem dançar, querem rir de meu susto, dos meus assombros acham graça.
Eu me ponho a escrever... digitados poemas, incoerências... Quanto mais loucos os temas, mais disfarçam meus fantasmas. Quero esquecer meus problemas do passado, que me assaltam toda noite. Porque são fantasmas fanfarrões que me expõem em praça pública, caso eu lhes permita toda a liberdade que desejam.
Quero esconder meus fantasmas antes que eu mesma me ponha a rir de mim.

Anorkinda

Versos andarilhos versos

Vestidos de noite estrelada, às vezes em roupa de gala, ornada de cometas e nebulosas, os versos andarilhos perambulam em busca de tudo e de nada. Seu compromisso é com a beleza que recolhem e após, espalham pelo universo etéreo dos sonhos.
Não se cansam, andam abraçados à paixão. Percorrem o mundo inteiro e além, nada detém a sua eterna pressa em passo lento. Bebem da paisagem, o orvalho, os suores, os pingos de chuvas escandalosas. Bebem nas fontes secretas, escondidas no mistério dos tempos. Rejuvenescem.


Perto da alvorada, os andarilhos versos começam com os cânticos que acordam os galos que, por fim, despertam o dia. A poesia que deles emana faz sorrir às brisas e estas, afagam os receptivos.E a manhã colore-se, sempre, com os tons mais ousados, ainda que não percebidos. As manhãs dançam com as esferas, os passos coreografados especialmente para encantar as matinais inspirações.
Os versos aplaudem e seguem o rumo certo das incertezas.

O transitório e passageiro é o que mais embeleza o caminho infinito destes versos caminhantes. Não há pó, poeira ou qualquer sujeira que resista ao sopro do efêmero, por isto estão sempre impecáveis as vestes poéticas e andarilhas .Na estrada do tempo tudo é novidade e nenhuma repetição é a mesma. São felizes os vocábulos que se encontram assim, em eterna viagem do léxico ao coração dos homens.
Eles voam como sementes emplumadas.


Beijos são embutidos nas entrelinhas que vertem destes caminhantes versos. Por vezes beijos quentes e lascivos, mas geralmente são beijos apaziguadores, leves estalos de carinho. Dependem dos receptores para mostrarem-se como queiram, são mágicas enoveladas de amor. Pelos caminhos da leitura a vida renasce e se refaz, agradecida aos ventos, danças e inspirações deste caminhar, moto-contínuo perfeito.


O esquecimento se faz presente depois que as lembranças passam, em desfile poético, em pompa quase real, como nos tempos dos nobres e reis. Seremos todos sutis emanações daqueles perenes momentos imantados de exaltação.
Solenes seres acurados na poesia.

Anorkinda