Crônicas

 

 

 

 

POR QUE LER POESIA?

A atividade intelectal de ler um poema não conforma tudo o que é ler poesia.
Pois o poema é o que de gráfico, material e visível que a poesia define, mas o poema não é a poesia em si.
Ler poesia é inserir-se nos vãos subjetivos da vida. Vai além do filosofar, porque envolve a imaginação e a criação.
A poesia pode apresentar-se num poema assim como pode mostrar-se num gesto, num som, numa variante de sons, numa melodia...
Ler poesia é estar enlevado nestes momentos em que ela se mostra, é apreender o inefável.
Esta é uma atividade por si só criativa e lúdica, movimentando o pensamento entre conceitos e ideias, novas e velhas, entre realidades e fantasias. Tudo é permitido.
É desvencilhar-se da razão e ainda assim moldá-la com o formão da poesia.
Um poema grafado em um livro ou na tela digital não encerra nele mesmo a poesia, ele expande ao leitor a possiblidade poética de refazer seu mundo interior, por isso é tão importante ler poesia.

Anorkinda.

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Por que escrever poesia?



O ato de escrever por si só é um ato generoso. Compartilhando de si
o dom de traduzir emoções, sentimentos e pensamentos. Pois é preciso
uma habilidade e uma intimidade refinada com a linguagem e com o código
grafológico.
Ao escrever poesia, apura-se um pouco mais a capacidade dissertiva.
Grafando o subjetivo, o etéreo,o surreal, o poeta transcende a ele próprio.
Ele traz ao leitor, e a si mesmo, porquanto também ele é leitor, o universo
interior do mundo. Seja de seu próprio mundo (na perspectiva do leitor e do autor),
seja do mundo das coisas, dos elementos até do imaginário.
A poesia traz à luz do consciente um submundo, às vezes bonito e afável,
outras vezes sombrio, mas ao encontrar a subjetividade, o poeta participa
do movimento grandioso que é curar o que tanto transtorna o ser humano: o não conhecer-se intimamente.

Anorkinda

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Tenho três inimigos

Por cinco anos, deixou-me livre, leve e solta a brincar pelas comunidades,
a fazer amizades mais do que reais...imortais, deixou-me versar dia e noite,
espalhar poesia! Mas certo dia, ouvindo más línguas, Sr Orkut se voltou
contra mim e excluiu-me!
Duas vezes, pois duplicada eu estava, tamanha era a liberdade!

Ao voltar, sob olhares suspeitos e suspeitando também de todos os olhares,
Pensei em continuar em liberdade, mesmo que fingida, mas nada é igual quando
quebram-se os cristais!
Não consegui resgatar nem a metade dos contatos, nem a metade das comunidades
e fiquei com assuntos pendurados no vácuo virtual das palavras.

Muitos poemas meus voltaram a ser inéditos, estão fechadinhos nos cadernos
pequenos e espirais, eles gritam dia e noite pedindo ar. Sufocados, querem
espalhar versos a plenos pulmões.

Pensei: Podia ser a deixa pra publicá-los em livro impresso. Bastou pensar
e ele levantou-se a minha frente, dizendo um peremptório NÃO, o Sr Dinheiro
nunca gostou de minha cara insossa.

Não suporto ouvir meus poemas em choradeira, e voltei a digitá-los no orkut
mas também outras paragens. São 14 caderninhos repletos, tem poema até na vertical,
na diagonal, nas capas...superlotação!

Problema: um dia de 24 horas não rende, a inspiração ainda quer poemas novos e
me azucrina com ideias. Eu a amo e nunca lhe digo não, mas às vezes, o verso novo
impaciente, vai embora sem nem despedidas por eu não tê-lo lapidado em tempo hábil.

Pedi, implorei ao Sr Tempo por um dia maior, eu também administro os Pequenos
Grandes Poetas, pois sem eles eu não vou a lugar nenhum, não voo sozinha.
Sabem o que ele disse: Te vira, guria!

Anorkinda

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Das novelas


Assim como o fanático por futebol pouco se importa se este é o circo do povo,
também eu não quero saber se a mídia inventou a novela para entretenimento e alienação.
Eu vejo novela. Eu sonho, rio, choro, penso, polemizo com a novela.
Assim como nunca escravizei meu pensamento, posso questionar o que está por trás de algumas cenas, diálogos, roupagens, mas o que predomina mesmo é o prazer
de deixar-se emocionar. Temos tantas dificuldades emocionais no dia-a-dia, guardadas no coração...e ao vê-las interpretadas na tela hoje colorida da televisão, lava-nos em identificação. Protege-nos de ignorar o que sentimos.
Tudo serve de instrumento para quem quer se estudar, se aprimorar, se amar.
E a mim, a novela me serve. Me confronta.
Também o imaginário, a fantasia dança ali, entre amores, disputas, erros, traições...
Na literatura não há disso também?
Eu lia fotonovela! Não diferenciava isto de um romance premiado com algumas centenas de páginas. Guardo as proporções logicamente, na competência da escrita, no traço psicológico de um Bentinho, por exemplo. Mas a novela, ao menos, livrou-se de ser massacrada por críticos literários. E posso usufrui-la na leveza de admitir que sou leviana, pobre em intelectualidade...
Acompanho as tramas e invento meus finais e melhor...a vida além dos finais, riquíssimas! Pois estão aqui no meu imaginário, inéditas e particularmente minhas.
Acompanho a atuação dramática dos atores, suas vozes e trejeitos em personagens diferentes. Faz-se isso com os filmes Hollywoodianos e é cult.
 Minha novela é meu momento de prazer e deleite. Gosto de afirmar isto!

Anorkinda

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A mutação de todos


Embora não seja facilmente perceptível, a atmosfera está diferente. Uma mutação está em andamento. As pessoas mais apegadas a seus corpos e vidas rotineiros não querem perceber que também elas estão mudando. Algumas percebem a atmosfera mais leve, ou fluida ou mesmo estranha... Mas não sabem o que é e não veêm que também elas próprias estão mais leves, fluidas e estranhas...
A mutação remodela DNAs, células, moléculas, percepções, sensações, pensamentos... O novo corpo está se reconfigurando à luz de todos, as sombras do discernimento estão a cada dia mais aclaradas, mas o intelecto ainda esforça-se para se manter organizado nos moldes ultrapassados. Em breve, ele não caberá mais em si!

Pessoas aterrorizam-se, assistindo o velho corpo ir embora, tal pele de cobra, largado a meio caminho, inútil, supérfluo. Ah... velhos tempos que serviram de base para experiências tão diversas, ricas, intensas... De várias naturezas, violentas, pacíficas, universais, individuais... Estão deixando este mundo, porque a mutação exige novos esforços, exige união. Ah... humano criativo, modela-se mesmo sem saber e teme... Teme seu próprio poder!

Hoje olhando-se no espelho da alma, aquele surreal, inimaginável aos olhos da matéria, ele reflete a mudança. Se você, humano, não se reconhecer quando seus sentidos lhe apontarem súbitas alterações de humor, comportamento, paradigmas e emoções... Não se altere... flua... flutua, inclusive... Na possibilidade nova de voar, de encantar-se, de criar algo novo num novo corpo!

Anorkinda

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LIMPANDO A BARRA DA DONA DE CASA (O SEGREDO DA DOR DE CABEÇA)

Pensam que a dona de casa extinguiu-se? Engana-se, elas estão nos lares, acuadas,gordas, neuróticas.
Negando-se veementemente. é feio, é vil, é out ser dona de casa. Mas algumas resistem.
E dispõem-se a cuidar da família sem considerações, sem sossego, invisivelmente.

Fui (sou?) dona de casa e quero limpar, porque limpar é nossa sina, a barra desta saia-justa.

É possível que um dia os lares transformem-se, as famílias realmente dividam tarefas, mas enquanto houver uma
mulher lavando pratos sozinha, existirá o desconhecimento de seu drama interior.

A realidade é que numa casa nunca terminam as tarefas que precisam ser realizadas. Não preciso enumerá-las. Ou preciso?
Afinal, homem sabe tão pouco...
É a roupa a ser lavada (se for no tanque, a tarefa é hercúlea), comida na hora certa, a pia sempre gerando louça suja,
o chão que teima em absorver resíduos, o banheiro que fede em constância infinita,
são tantos armários para acumular pó, roupas de cama a serem estendidas ou dobradas ou levadas ao sol, tapetes pra bater,
lixeiras que transbordam sempre mais, se tiver crianças e animais domésticos na família, triplique todas estas tarefas
por mil!
O dia passa rápido enquanto a casa desafia a dona dela...

Na mente, uma ideia constante: Tenho aquilo ali pra fazer...tenho aquilo lá pra fazer...
E isso se repete...se repete...Neura!
Está feito. A dona de casa é neurótica.

O dia termina. Exausta. Todas as tarefas acumulam-se novamente, mas precisam ficar para o dia seguinte. Este acabou-se.

O marido observa inteligentemente: - Passa o dia todo em casa e ainda cansa! Que moleza!

Única alternativa substituindo o assassinato de cônjuge: - Benhê, hoje não... estou com dor de cabeça.

 

Anorkinda

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CAMINHO DE SORRISOS


Ao percorrer cada dia-caminho de sua vida com um sorrisos nos lábios você poderá dizer que cumpriu sua missão...poderá dizer que sua passagem por este planeta é algo realizador!

Ao sorrir ao amanhecer, sorrir às pessoas de sua casa, sorrir aos animaizinhos, sorrir ao espelho, sorrir ao colega, sorrir as pessoas na rua, sorrir ao ver um rosto carrrancudo, sorrir ao receber uma resposta 'atravessada', sorrir ao olhar seu prato de almoço, sorrir ao abrir a carteira para pagar seu almoço...você terá distribuído apenas nesta manhã de vida vários fios de luz ao Universo!

Você terá recebido muitos mais cordões emaranhados da mais pura luz de agradecimento do Universo!
Toda vibração sua vem de volta à você...seus sorrisos voltam em uma quantidade de emoção agradável avassaladora...capaz de transformar sua vida numa corrente de entusiasmo e amor!

O sorriso pode ser amarelo...meio sorriso, sorriso forçado, torto, mas sorriso!
O sorriso pode ser verde...esperança, timidez, medo do ridículo, é sorriso!
O sorriso pode ser vermelho...paixão, cheio de sedução, carnudo, mas é sorriso!
O sorriso pode ser azul...sereno, terno, cheio de carinho e proteção, é sorriso!
O sorriso pode ser laranja...expansivo, aberto de lado a lado, mas é sorriso!

Faça seu caminho de sorrisos valer a pena, sua saúde plena agradecerá!

Anorkinda