Prosas poéticas

 

 

 

Versos andarilhos versos

Vestidos de noite estrelada, às vezes em roupa de gala, ornada de cometas e nebulosas, os versos andarilhos perambulam em busca de tudo e de nada. Seu compromisso é com a beleza que recolhem e após, espalham pelo universo etéreo dos sonhos.
Não se cansam, andam abraçados à paixão. Percorrem o mundo inteiro e além, nada detém a sua eterna pressa em passo lento. Bebem da paisagem, o orvalho, os suores, os pingos de chuvas escandalosas. Bebem nas fontes secretas, escondidas no mistério dos tempos. Rejuvenescem.


Perto da alvorada, os andarilhos versos começam com os cânticos que acordam os galos que, por fim, despertam o dia. A poesia que deles emana faz sorrir às brisas e estas, afagam os receptivos.E a manhã colore-se, sempre, com os tons mais ousados, ainda que não percebidos. As manhãs dançam com as esferas, os passos coreografados especialmente para encantar as matinais inspirações.
Os versos aplaudem e seguem o rumo certo das incertezas.

O transitório e passageiro é o que mais embeleza o caminho infinito destes versos caminhantes. Não há pó, poeira ou qualquer sujeira que resista ao sopro do efêmero, por isto estão sempre impecáveis as vestes poéticas e andarilhas .Na estrada do tempo tudo é novidade e nenhuma repetição é a mesma. São felizes os vocábulos que se encontram assim, em eterna viagem do léxico ao coração dos homens.
Eles voam como sementes emplumadas.


Beijos são embutidos nas entrelinhas que vertem destes caminhantes versos. Por vezes beijos quentes e lascivos, mas geralmente são beijos apaziguadores, leves estalos de carinho. Dependem dos receptores para mostrarem-se como queiram, são mágicas enoveladas de amor. Pelos caminhos da leitura a vida renasce e se refaz, agradecida aos ventos, danças e inspirações deste caminhar, moto-contínuo perfeito.


O esquecimento se faz presente depois que as lembranças passam, em desfile poético, em pompa quase real, como nos tempos dos nobres e reis. Seremos todos sutis emanações daqueles perenes momentos imantados de exaltação.
Solenes seres acurados na poesia.

Anorkinda