Intimistas

 

 

 

 

À procura de respostas

Busquei-me por caminhos sem luz, desamparada. Nem mesmo eu me apoiava, críticas sentenças me cobriam os pensamentos. A escuridão sem sol ou luz artificial me abria os olhos, num fenômeno íntimo original.

E, conforme eu bania a negatividade que imprimia-se em mim em tinta negra fabricada pelos meus antepassados, pelos meus fracassos e decepções coletivas, comecei a vislumbrar uma trilha. Pontilhada por pequenos efeitos de luz, pareciam vaga-lumes, a pequena senda logo terminava numa explosão de cores.

Ofuscou-me a visão por breves instantes, mas logo fixei a imagem e um lindo arco-íris inspirou-me a sorrir. No tênue vermelho, a energia de vida, fogo da terra, emoção. Em laranja, minha sensação era viva alegria, criatividade a pulsar... O amarelo,
luminosidade a inserir felicidade em minhas células.

A cor verde traduziu a esperança em que, de repente, me encontrei. O delicado azul lembrou-me da divindade que a tudo assiste... Em anil, a força do raciocínio equilibrado, o dom de pensar bem. E no violeta pude derramar minha espiritualidade agora para sempre recuperada.

Meu olhar seguiu estas coloridas linhas e percebi, então, que no fim do arco-íris, um tesouro me aguardava, brilhantemente: eram as respostas a todas as questõesda vida.

Anorkinda

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COM FOME

Nesta tarde abafada de domingo de GRE-NAL, estou com fome no estômago, estou com fome na alma! Quero alimento em geral, alimento Internacional, alimento tricolor...mas quero cores vivas, preto, azul e branco
não me fazem voar e o vermelho consegue me irritar!
Quero as cores tênues dos pastéis da aquarela, quero mergulhar numa tela-cachoeira, de água límpida e peixinhos companheiros. Quero comer framboesas silvestres e roubar o mel da abelha, quero sentir o frescor da brisa etérea na morada do Ancião da Floresta!
Quero saciar-me nas cores quentes do sol do meio-dia,
queimando a pele branca mistura indígena e lusitana.
Quero beber da fonte verdadeira da água dos sorrisos e
rolar entre as pinhas do meu Reino!
Ah... hoje eu quero tudo isso e vou tomar café,
pão e queijo sentada na mesa do devaneio,
ouvindo um rouco castelhano profetizar que o AMOR
espalhado pelo mundo pode trazer tudo aquilo que eu quero!

Anorkinda

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Como são belos os dias em que falo de amor!

Os dias em que percebo que todas as experiências saõ válidas no mundo das possibilidades!
O mundo do livre-arbítrio onde todos escolhem que lhes cabe, o que precisam e o que deletam de suas vidas...Todo instante de vida terrena é um instante de escolha!
Escolho trilhar sempre igual, aprendendo com as gerações monótonas e frustadas ou escolho aprender com estas mesmas gerações a não cometer os seus erros!
Escolho olhar para o errado e ficar com taquicardia e depressão ou escolho aprender com o errado a não tomar as mesmas atitudes que ele.
Aprendo que cada vírgula no meu dia pode transformar um texto inteiro! Um pingo no 'i' faz uma enorme diferença! Em cada reticência cabe um Universo!
Em cada respiração concentrada em que inspiro consciente de onde estou e o que estou fazendo por mim, que sou parte integrante da natureza, estou progredindo, estou levando comigo a respiração do planeta e juntos respiramos por um mundo melhor!
Em cada letra visualizada em minha mente há um potencial para lindas palavras, é só escolher escrever e pensar na palavra perfeita e não escorregar para o conjunto de letras deprimíveis e de baixa vibração.
Escolho que neste dia cada minuto transcorra em paz, em beleza e em amor!
Oh, que dia belo!!

Anorkinda

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DE DENTRO DE MIM

É que de dentro de mim saem tantas emoções, que não nasceram para ficar presas. É como se eu não tivesse pele para impedir o derrame de sentimentos...minha pessoa e todo o Universo são uma coisa só e nada nos separa,não há epiderme ou parede ou grades...
Sou transparente e por isso temida, muitas vezes. Sou só pois assusto.
Como meu aluno que ao ver a imagem do corpo humano sem pele, pra visualização dos músculos, ficou muto impressionado e não queria mais olhar aquela página!
Será que é sempre necessário este tipo de máscara que nos preserva ou melhor preserva os demais de nossos sentimentos?
Ou será essa máscara fruto de medos e desvios para melhor exploração?
Como será quando todos forem transparentes? Quando nenhum pensamento for preservado em um manto de individualidade...quando nenhum sentimento será escondido sob uma desculpa de formalidade...
Há quem diga que será horrível, mas eu digo, será esplêndido! Todos se conscientizarão de que suas imperfeições perfeitamente visíveis 'devem ' ser curadas pra que não poluam o ambiente...
Imaginem que lindas cores podemos mostrar se cada sentimento tiver sua nuance, se cada pensamento tiver o seu tom e todos possam compartilhar dessas criações 'individuais' que são coletivas em sua essência!
Ah... gostei desse mundo futuro que vou criar!

Anorkinda

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Hoje eu já sei quem me quer

Ah...delícia boa sentir este aconchego meu...esse carinho meu...
esse que eu estava me devendo a tanto tempo...
Começou em flertes, em vai-e-véns de descrédito e paixão...
mas o tempo foi acostumando-me comigo mesma...
bastou que eu parasse de fugir...
Encarei-me e fiz careta...mas...ah...que delícia!

Todo o medo que perdi, dando tchau ao que não era meu,
valeu-me uma vitória de amor...
o mais sublime e puro e imortal amor-próprio!
Seja pra sempre bem-vindo!

Anorkinda

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Madrugadas da infância

Eu já era amante das madrugadas desde criança. Marcante em minha infância foi um Festival Charles Chaplin que rolou nas madrugadas dos anos 70... A pureza de Carlitos me emocionava, eu não tinha nem dez anos. Agora eu sei, era poesia o que ele transmitia em cada cena... Tinha poema cômico nas hilariantes cenas de bêbado ou atrapalhado... Havia muito poema de amor nas cenas românticas, sensíveis, emocionantes... Havia poema de tristeza e comoção nas cenas do Garoto, nas cenas de fome, nas cenas de injustiças... Eu chorava e ria junto com meu pai, claro... ele iniciou-me na poesia, também poeta latente e a gente curtia juntos as madrugadas poéticas, enrolados no sofá a catar as sementinhas semi-estouradas de pipoca e a sonhar embalados pelo lirismo de um gênio.

Anorkinda

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Mensagem pra mim

A vida tem tantos mistérios a desvelar... Pergunto-me, pesquiso-me, a intuição responde mas fala em símbolos, às vezes desenha códigos.
A vida tem respostas manifestas de várias formas... Sua principal mensageira é a Natureza, do Reino Verde chegam as mais refrescantes mensagens. Ouço. Sinto.
A vida escolhe também mensageiros conectados à energia universal, não me importa quem são, mas quando a mensagem é direta pra mim e vem enlaçada em fita dourada com o nome Anorkinda... Recebo com sorrisos e agradeço sem olhar, do remetente, o endereço.

Anorkinda

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Meu porto...alegre

Deste berço, bem ao sul do Equador, parte porto de sonhos que singram
 Guaíbas águas, parte cárcere do tempo que ancora em mim, daqui lanço
meus versos ao sabor do vento. E o vento parte, abençoado pela Mãe das
Águas...
Escrevo meus suspiros de esperas, de amares, imito o náufrago em bilhetes e
garrafas, envio beijos pelos ares. Meus sonhos me transformam sempre que
inspiro o sopro destas águas, elas me recebem em carinho...
Adormeço sempre feliz depois de expor minhas crias, pois se elas partem
pelo etéreo mundo, elas alcançam paragens que eu nunca verei, elas tocam
e trocam vivências que jamais absorverei...
Tranquila, permaneço aqui, satisfeita partícula da Criação, vivendo no cais
de todas as minhas fantasias.

Anorkinda

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No início do ano galático

Das coisas que se sucedem, das canções que marcam, da força que sustenta, agradeço plenamente e faço destes dias, bênçãos!
Das cicatrizes que doem ainda, dos enredos que enredam ainda, do amor que ama muito, enriqueço e bendigo a dádiva de experimentá-los!
Do abraço que peço e recebo, do carinho que sinto e derramo, do bem que desejo e expresso, gesto a criação do que quero!
Obrigada a todos os personagens destes meus dias ricos!

Anorkinda

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O Carretelzinho mais bonito

De madeira, a linha fina o envolvendo, num circular abraço em si mesma. A linha fina de bordadeira... Tantas cores a matizar meus sonhos de menina.
A arte em tecido fino, talhada na ponta da agulha da máquina escura. A mão firme de bordadeira... Tanto carinho a permear minhas lembranças de netinha.
Da vovó, a máquina antiga, num pedal a trabalhar pesado o dia inteiro. O olhar curioso de criança... Guardou o movimento do pé a ritmar o trabalho.
A dedicação de guiar as cores no motivo, muitas vezes florido. O brinquedo gostoso de criança... Era eleger o carretelzinho mais bonito daquela gaveta da vovó.

Anorkinda

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O que me emociona ao ler um poema?

Será quando nos identificamos com o que o poema diz?
Será quando lemos o que queremos ler no poema alheio?
Será quando o verso me surpreende, me fazendo babar de admiração pela verve alheia?
Será quando o poema me abre algumas conexões neuronais antes desvinculadas, fazendo plics e plocs dentro da cachola?
Será quando me ponho a viajar por dimensões, revisitando lares e paisagens de que tinha esquecido no vão das desmemórias? Será quando o poema me manda recados?
Será quando o lirismo enleva, me tira os pés do chão e flutuando vou ao reino dos suspiros multicores?


Anorkinda

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Olá dia!!

Dia dos meus afazeres, dia dos meus labores e dos meus amores!
Dia de rir, de gozar da vida, tirar sarro dela...de inventar sabores!
Vida sabor de chocolate pra quem está meio desanimado.
Vida sabor caramelo pra quem está com o rumo desalinhado.
Sabores novos e reinventados como o gosto da fruta no pé.
Sabores velhos e renovados como o azedo da língua mordida.
Dia de novos e velhos amores degustados num tripé
de passado, presente e futuro, relação enternecida!
Dia de fundos e rasos sentimentos de partida,
de alegria, monotonia e melancolia.
Refazendo as horas num momento perdida.
Rebuscando as memórias numa doce nostalgia!

Anorkinda

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OXUM E EU

Eu nem sabia, mas certo dia, mais calma ou conectada, senti tua presença, ali...Nas águas doces. Me impunha um chamado sem palavras, mas eu ouvi. Me abraçavas sem braços, mas eu senti.
Oxum me compunha como mulher também doce e intensa. Da vaidade e do luxo nada tenho, mas alguém disse que Seu espelho não é de veleidades, mas de observação dos mistérios da vida. Assim também eu, sempre questionando, vou seguindo por este rio da Vida Infinita. Sem respostas fáceis nem belamente elaboradas, mas coberta de perguntas, são minhas paixões!

Anorkinda

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Passos e trilhas

Sou o traço impreciso do Criador, redesenho-me diariamente na cor verde da Redenção que persigo. A mulher em todas as suas nuances, curando tempos, abrindo selos.
Dou todos os passos precisos para que se manifeste por mim e em mim toda a força dos elementos. A vida em todas suas formas, movimentando enredos, desfazendo novelos.
Vou pelas trilhas minhas, descobrindo paisagens e personagens, configuro poemas para absorver as mensagens. A palavra em todas as suas abordagens, meus íntimos desvelos.

Anorkinda

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PRA SABER QUEM EU SOU

É preciso definir o espaço entre nós, tu e eu...
Que nome dar ao infinito particular?
 É preciso andar descalço pelo cosmos subterrâneo
e colher rubras flores astrais, delas fazer um ramalhete perene
e me ofertar na noite clara da terceira lua de Saturno.

Pra saber quem eu sou é melhor que eu desapareça
numa nebulosa azul
 para que de meu espectro-lembrança possas absorver a essência,
 o perfume, o colorido que eu deixar e assim sentir-me.
Por que traduzir-me? Sou Nada, sou semente
 enraizada na flutuação do tempo.
 Um dia saberemos conhecer o fluido conjunto que somos,
 tu e eu...
Então não teremos mais perguntas a fazer,
 seremos as respostas prontas das coisas inexistentes,
faremos prosas lindas nas linhas do rosto,
num tempo incorpóreo e sutil de nosso compartilhar.
É preciso fluir nos humores da correnteza
 para que me vejas o brilho dos olhos siderais,
Sírius nascentes a bendizer nossa irmandade.
É preciso esquecer os percalços,
ignorar os seixos pisados e olhar pra dentro de si mesmo,
 onde eu estou, imortalizada naquele abraço.

Anorkinda